Cenário conceptual da Cidade Colaborativa ↑
Design para a Inovação Social – Lugares Criativos e Cidades Colaborativas
A falência do sistema de welfare, as novas realidades da globalização e as consequências da nova sociedade do conhecimento, trazem consigo novos paradigmas de vivência e de sobrevivência.
A sociedade civil está mais participativa e mais activa, gerando diversos movimentos sociais que aparecem como reacção a estas novas realidades e ao mundo que fomos construindo.
Verifica-se também que existe um número crescente de pessoas que se organizam para arranjarem soluções para alguns dos novos problemas com que a sociedade contemporânea é confrontada. A estas pessoas podemos chamar empreendedores sociais ou comunidades criativas. Empreendedores sociais são indivíduos que apresentam soluções inovadoras para os problemas sociais. São ambiciosos e persistentes, e contestam os grandes problemas sociais, oferecendo novas ideias para uma mudança global. Em vez de deixarem este tipo de problemas encarregues ao sector governativo ou a negócios privados, detectam o que não funciona e resolvem o problema modificando o sistema, difundindo a solução e persuadindo outros grupos de pessoas a fazerem o mesmo. As comunidades criativas são
grupos de pessoas inovadoras que se organizam para resolverem um problema, ou para abrirem novas possibilidades, e ao agirem desta forma, dão um passo positivo no processo de aprendizagem da sustentabilidade social e ambiental.
O que existe de comum entre os empreendedores sociais e as comunidades criativas é o facto de serem pessoas normais que inventam novas maneiras de ultrapassarem os problemas quotidianos e de participarem na vida pública de uma forma activa.
Esta actividade, não muito comum numa sociedade caracterizada sobretudo pela passividade, resulta de uma vontade de mudança sem esperar que sejam as instituições tradicionais a resolverem os problemas. E esta mudança é posta em prática por pessoas criativas que persistem e investem nas suas próprias ideias, e que são capazes de as transformar em serviços inovativos, respondendo a necessidades do dia-a-dia. Estas ideias são designadas como inovações sociais, isto é, novas ideias que funcionam para responder a necessidades não satisfeitas e melhorar a vida das pessoas.
As oportunidades geradas por estas inovações parecem estar em consonância com o desenvolvimento sustentável, seja a nível ambiental, seja a nível social.
Considerando que o design teve um importante papel na criação do existente sistema de consumo, não deveria agora tentar promover uma re-invenção desse mesmo sistema mas baseado em modelos sustentáveis?
Esta re-invenção poderia ser feita através do uso das inovações sociais e dos serviços criados a um nível das bases, ou readaptando as iniciativas top-down, que no seu formato original fracassaram ao darem resposta às exigências actuais.
Desenhar a vida das pessoas não se enquadra no âmbito da actividade do designer, nem é tão pouco uma opção desejável. A abordagem criativa à renovação e revitalização de redes sociais implica a participação activa das pessoas no projecto de design. O papel do designer é de trabalhar lado-a-lado com as pessoas, com as as suas necessidades e aspirações. Se as pessoas são capazes, de algum modo, de projectar a sua vida, a figura do designer será a de trabalhar com elas de forma a estruturar e potenciar as suas soluções criativas e, muitas vezes inovadoras. E este processo deveria resultar num outro muito mais fértil, uma vez que os “utilizadores” têm uma percepção mais clara das suas necessidades, e o designer, uma abordagem mais objectiva à resolução de problemas.
Juntar estas duas realidades poderá ser o caminho para alcançar soluções mais sustentáveis, e que eventualmente, poderão ser replicáveis.
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